
Böhm-Bawerk não refutou Marx: tentou 8 vezes e falhou em todas
Ao tentar invalidar a obra O Capital, a única coisa que Böhm-Bawerk conseguiu foi mostrar sua incapacidade de interpretar Marx corretamente.
“A teoria marxista da exploração não faz nenhum sentido.”
(RALLO, 2015)
Devido aos sopros de conservadorismo e do liberalismo fora do lugar que assombram o espectro político brasileiro, alguns mortos tentam sair de seus caixões para assombrar o mundo dos vivos. No caso, a crítica de Böhm-Bawerk à teoria do valor marxista é um morto-vivo ressurreto por think tanks neoliberais como Mises Institute e, no Brasil, pelo Instituto Mises Brasil. Tal crítica, que deveria permanecer somente como uma nota de rodapé nos livros de história do pensamento econômico, vem novamente à tona em um período político conturbado no qual qualquer pensamento que não está de acordo com a direita tupiniquim deve ser aniquilado.
No caso, a teoria marxista do valor, que por muitos da economia ortodoxa é tido como uma mistificação ou conto de fadas, deve ser combatida com todas as armas possíveis, inclusive com aquelas carabinas antigas que deveriam estar em um Museu. A crítica de Böhm-Bawerk fora desafiada por Hilferding, em 1905, em um pequeno texto chamado A Crítica de Böhm-Bawerk a Marx (1949). Infelizmente, o texto nem foi apreciado por Böhm-Bawerk e também não conseguiu de fato ser uma crítica eficiente aos problemas que ele apresentou. Por muitos anos, o texto de Böhm-Bawerk foi esquecido, mas com a contaminação eficiente pretendida pelo neo-liberalismo, essa crítica volta novamente à tona e é utilizada como a “evidência final” da incongruência e inconsistência da economia marxista. Como veremos, tal crítica não sobrevive a uma leitura crítica. A principal objeção de Böhm-Bawerk a Marx é sobre o problema da transformação dos valores em preços de produção. Assim, faremos agora uma breve introdução a esse problema e aos debates a partir dele originados. Depois entraremos detalhadamente em cada ponto levantado por Böhm-Bawerk (BB) em sua crítica, que, em grande parte, é baseado no problema da transformação.
Uma brevíssima introdução ao problema da transformação e a história de sua controvérsia
O problema da transformação de valores em preços de produção é um problema que acompanha a economia marxista desde a publicação do primeiro volume de O Capital. As críticas mais famosas vieram de Böhm-Bawerk, economista discípulo de Carl Menger — fundador da escola austríaca de economia — e de Ladislau von Borktiewicz, economista ricardiano, que realizou sua crítica a Marx e apresentou sua solução em um artigo em 1905. A crítica de Böhm-Bawerk é primariamente uma crítica direcionada a uma suposta contradição lógica (A e não A) entre o primeiro e o terceiro volume de O Capital. De acordo com Böhm-Bawerk, Marx afirmaria no livro I, que as mercadorias são trocadas por seus valores, ao passo que no livro III elas são trocadas por seus preços. Ora, ou elas são trocadas pelos preços ou são trocadas pelos valores. Essa (alegada) inconsistência, juntamente a outros argumentos, é até hoje levantada contra Marx. Sua influência ficou restrita aos economistas de matiz austríaca e não exerceu nenhuma influência às controvérsias relacionadas ao problema da transformação no último quarto do século XX.
A controvérsia e sua história são longas, mas podemos tentar dar um brevíssimo panorama dessa; primeiro exporemos aqui o problema da transformação[1]: a teoria do valor de Marx supõe que o valor incorporado (v+s; v para capital variável e s para mais-valia) no período t de produção, mais o capital constante (c), determina o valor total da mercadoria. Em uma economia capitalista[2], existem n setores de produção, cada um com quantidade de capital constante e variável diferentemente empregados, ou seja, a proporção c/v, que Marx nomeia de a composição orgânica do capital é diferente para cada setor. Além de diferentes composições orgânicas, a taxa de lucro expressa em valores s/(c+v) é também diferente, pois c+v será diferente para cada setor. Em uma economia capitalista, existe competição entre as diversas empresas. Isso posto, se supusermos que existe mobilidade de capital, ou seja, que os capitalistas possam entrar e sair de um setor quando quiserem, então as taxas de lucro tenderão a se igualar devido à competição. Mas se as taxas de lucro para cada indústria i, ou seja, ri, é igual si/(ci+vi) e se foi pressuposto que si e vi variariam em cada setor, como lidar com essa aparente contradição entre a igualação da taxa de lucro e as diferentes quantidades de capital variável e constante (ci+vi) empregadas?
A solução de Marx foi supor que, para cada setor, haveria mais-valia,expressa em valores, e lucro, expresso em preços; consequentemente, haveria uma taxa de lucro (expressa em valores Σs/(c+v)) e uma taxa de lucro (expressa em preços Σπ/(c+v)) — sendo π o valor do lucro auferido no setor em questão (MARX, VOLUME 3, II, cap. 9). A mais-valia e o lucro, assim como as taxas de lucro expressas em valores e em preços, não se igualariam em cada setor, mas no agregado elas convergiriam; logo, Σs=Σπ . Assim, por sua vez, os valores totais e os preços totais também, logo Σv=Σp. Um dos problemas da solução de Marx é que ele contabiliza a somatória do c+v em um setor em termos de valores, e não em preços, o que, portanto, levaria a cálculos incorretos em termos de preços (HOWARD&KING,1989, p. 45). Dado que a solução de Marx parecia insatisfatória, os autores subsequentes tentaram dar conta desse erro e manter a igualdade desses agregados acima mencionados, quando possível. Além disso, outro aspecto que Marx levantou no livro III foi que a lei do valor seria válida também historicamente, isto é, para períodos pré-capitalistas — sem, contanto, dar provas para isso (MARX, VOLUME 3, II, cap. 10).
Dois problemas, portanto, foram postos em questão: qual é a validade histórica da lei do valor e qual é a solução que deve ser procurada para corrigir a solução de Marx? (HOWARD e KING, p. 46).
A primeira questão foi discutida primeiramente por Werner Sombart, Conrad Schmidt e pelo próprio Engels. Marx assume que sua teoria valeria para outro modos de produção, o que foi posto em questão por Sombart (e acompanhado por Böhm-Bawerk, p. ex.). Não entraremos nessa discussão aqui, já que tanto as objeções de Böhm-Bawerk quanto todas as outras soluções dados no século XX lidam fundamentalmente com a solução “lógica” do problema da transformação (e quando lidam com o problema histórico, como veremos, eles se baseiam em uma incompreensão quanto ao sentido do texto de Marx).
O segundo problema foi examinado mais detalhadamente, primeiramente, em 1895, por Wolfgang Mühlpfort, partidário de um tipo de socialismo bismarckiano muito criticado pelo SPD[3] (IDEM, p.55). Sua solução consistia em tentar resolver o problema por meio do que hoje conhecemos pela análise de Matrizes Input-Output[4]; o problema de sua solução foi, dentre outras, de confundir como se igualam as igualdades dos agregados marxianos, entre outros erros. (IDEM, p. 56). Uma outra solução, no mesmo período, foi proposta por V. K. Dimitriev, que tentava solucionar o problema da transformação algebricamente, baseando-se largamente tanto na economia clássica (Ricardo) quanto na neoclássica (Walras). O cerne da solução de Dmitriev[5] era descobrir os preços de produção (P) e taxa anual de lucro (r) através dos tempos de produção (t), da quantidade de trabalho (n) e da taxa de salários (a). Tal solução influenciou L. Borktiewicz (1949, p.199–221), que, em sua análise, supondo reprodução simples na economia — isto é, sem crescimento econômico, mas mantendo os níveis de renda constantes ao longo do tempo — conclui que, se os bens de capital constante na economia forem vendidos ao seu valor- a cada ano que se passa, o valor total desses bens diminuirá até o ponto em que haverá a interrupção do próprio processo de produção. Na sua correção ao problema, ele parte da premissa que há dois sistemas em operação: a dos preços e dos valores e três setores de produção (I, II, III); desse modo, ele consegue chegar em um sistema de equações em que do lado direito estão os valores de cada departamento e do lado esquerdo os preços de produção[6]. Em suma, de modo similar a Dmitriev, ou seja, algebricamente, ele consegue dar uma solução ao problema da transformação (HOWARD e KING, 1989, p. 61).
Essa interpretação em dois sistemas, primeiramente posto por Borktiewicz, teve grande impacto ao longo do século XX, até o ponto em que Sweezy, no seu clássico A teoria do Desenvolvimento Capitalista (1942), pensava ser a solução final para o problema da transformação.
No entanto, a partir do final da década de 1950, com a renovação do interesse pelo pensamento marxista, essa questão novamente é posta à prova, sendo que economistas como Paul Samuelson, Anwhar Shaikh e Mishio Morishima chegam a publicar diversos artigos sobre o tema. O maior impacto, no entanto, dá-se com a publicação da obra de Sraffa, A Produção de Mercadorias por meio de Mercadorias, que parece, à época, fornecer alguns desafios e também soluções à teoria marxista do valor-trabalho. Na interpretação de Kliman (2007), essa corrente é fisicalista, isto é, supõe que o determinante do valor e, por conseguinte, dos preços dependem exclusivamente da quantidade de produtos que entram na produção de um bem, uma vez que supõe que os preços dos inputs e dos outputs permanecem iguais ao longo do tempo. De todo modo, Alfredo Medio, seguindo Sraffa, diz que a standard commodity de Sraffa fornece a mediação entre valores e preços e que, através dela, pode-se resolver o problema da transformação (HUNT e GLICK, 1987).
Na década de 1980, desenvolvido por Gerard Dumenil, Lipietz e D. Foley de modo independente, a nova interpretação (NI), adiciona duas novas hipóteses: que o valor capital variável seja valorizado pelo seu preço, isto é, pelos salários, e que a somatória dos preços da produção líquida da economia seja igual à somatória dos valores líquido da produção. Com essas duas premissas, as igualdades aos agregados de Marx são mantidos e resolve-se o problema da transformação.
Por fim, na década de 1990 e 2000, novas interpretações surgem: a do sistema único temporal (TSSI — Temporal Single System Interpretation), defendida, entre outros, por Kliman, e a do sistema único simultâneo (SSSI — Simultaneous Single System Intepretation), por Moseley. Ambas descartam a interpretação de Borktiewicz, enfatizando que Marx não supunha existir dois sistemas independentes de preços e valores, mas de um só sistema de transformação de valores em preços. Além de concordar com a NI que o capital variável é remunerado de acordo com o salário, eles assumem que as empresas adquirem e contabilizam o capital constante através dos preços e não dos valores. A diferença fundamental entre os dois está na contabilidade dos preços: enquanto a interpretação temporal assume que os preços dos inputs e dos outputs mudam ao longo do tempo, a interpretação estática supõe que eles permanecem inalterados.
Posto isso, podemos passar agora à crítica de Böhm-Bawerk.
A crítica de Böhm-Bawerk
Böhm-Bawerk, economista austríaco nascido em 1851, uma das principais figuras da escola austríaca, junto com Carl Menger e Ludwig von Mises, ensinou na maior parte de sua vida em Viena, possuindo como principais obras Capital e Juros, de 1884, e A Teoria Positiva do Capital, de 1889. A principal hipótese da escola austríaca, como também da economia neoclássica, é a teoria subjetiva do valor, isto é, que o valor de qualquer mercadoria é determinado pela utilidade marginal decrescente. É a partir dessa teoria que Böhm-Bawerk criticará a teoria marxista do valor (SWEEZY,1949) — uma vez que essa é a questão central da teoria do valor subjetivo e que vai, portanto, de encontro à teoria clássica do valor- ou seja, que o trabalho produz o valor, e não a utilidade das mercadorias.

A principal e a mais completa crítica de Böhm-Bawerk, que se sobrepõe às críticas elaboradas por ele em Capital e Juros a Marx está materializada no Zum Abschluss des marxschen Systems (A conclusão do sistema marxista), de 1896. Iremos nos focar nesse texto, portanto.
O texto começa com uma introdução às teorias de Marx. Assim, nos dois primeiros capítulos, Bawerk sintetiza aquilo que ele considera ser os aspectos centrais da teoria marxista do valor; as críticas a Marx estão fundamentalmente no terceiro (“O problema da contradição”) e no quarto (“O erro de Marx e suas ramificações”). O quinto capítulo versa sobre Sombart e a teoria do valor, cuja importância para a crítica à solução lógica de Marx é irrelevante, então pode ser deixado de lado em nossa análise. Focaremos nas críticas expostas no terceiro e quarto capítulos.
As críticas centrais estão expostas no terceiro capítulo. Existem outras no quarto capítulo, que também abordaremos, mas são em substância muito mais fracas do que as apresentadas no terceiro capítulo. No capítulo III há cinco críticas diferentes. Afora a primeira, as outras quatro são supostas refutações que Bawerk tenta fazer, primeiro expondo a defesa de Marx sobre a teoria do valor e depois mencionando onde estão os supostos problemas e as contradições. Primeiro exporemos a substância da crítica feita por Bawerk, e depois criticaremos, logo a seguir, cada uma de suas “refutações” da teoria marxista.
Duas observações antes de prosseguirmos: algumas objeções foram respondidas por Hilferding na sua resposta a Bawerk, em 1904 (HILFERDING,1949). No entanto, algumas de suas soluções aos problemas apontadas por Bawerk são insatisfatórias, pois os ataques de Hilferding, tanto metodológicos quanto históricos, como bem apontam Howard e King em sua história da economia marxista, não “lidaram com as críticas específicas e detalhadas que Böhm-Bawerk levantou contra a teoria do valor trabalho” (HOWARD; KING, 1989, p. 52). Desse modo, teremos que adicionar outros argumentos para contrapô-los às críticas de BB. O restante do texto será composto dos subsequentes argumentos de Böhm-Bawerk e, logo abaixo, a crítica respectiva a cada um dos argumentos.
Considerações finais
Não há — como mostramos — nenhuma refutação à teoria marxista do valor feita por Böhm-Bawerk. A crítica rápida e superficial que ele realiza não consegue ser substantivamente forte. Nenhum de seus argumentos tomados individualmente permanecem em pé após uma inquirição detalhada. Em nossa opinião, há realmente um problema a ser resolvido — e que foi; dadas as diversas interpretações da solução do problema da transformação brevemente apresentadas no início do texto —, mas não os supostos problemas levantados por Böhm-Bawerk, que são, em suma, um aglomerado de erros de interpretação e dispositivos retóricos. Parafraseando a epígrafe inicial de um espanhol fiel ao neoliberalismo austríaco, a crítica de Böhm-Bawerk, e não a teoria marxista do valor, é que não faz nenhum sentido.
Referências
BÖHM-BAWERK, Eugen. Karl Marx and the close of his system IN SWEEZY,Paul(ed.) Karl Marx and the close of his System Böhm-Bawerk, Böhm Bawerk’s Criticism of Marx Hilferding.
BÖHM-BAWERK, Eugen. Zum Abschluss des marxschen Systems https://www.marxists.org/deutsch/referenz/boehm/1896/xx/index.htm (acessado dia 01/01/2017).
BORKTIEWICZ, L. von. On the Correction of Marx’s Fundamental Theoretical Construction in the Third Volume of Capital IN SWEEZY,Paul(ed.) Karl Marx and the close of his System Böhm-Bawerk, Böhm Bawerk’s Criticism of Marx Hilferding. LONDON: The Merlin Press, 1949.
BUKHARIN, Nikolai. Economic Theory of the Leisure Class- Introduction by Donald Harris. New York: Monthly Review Press, 1972.
HILFERDING, Rudolf. Böhm Bawerk’s Criticism of Marx IN SWEEZY,Paul(ed.) Karl Marx and the close of his System Böhm-Bawerk, Böhm Bawerk’s Criticism of Marx Hilferding. LONDON: The Merlin Press, 1949[1904].
HILFERDING, Rudolf. Böhm-Bawerk Marx-Critique. <https://www.marxists.org/deutsch/archiv/hilferding/1904/xx/boehm.htm> acessado dia 30/01/2017.
HOWARD, M. C.; KING, J. E. A History of Marxian Economics: Volume I, 1883-1929.Princeton: Princeton University press,1989.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEIZER, Mark. History of Economic Thought: a Critical perspective-third edition. New York, London: M.E. Sharpe, 2011.
HUNT, E. K.; GLICK, M. The transformation problem IN The Palgrave Dictionary of Economics, 1987(4 V.).
KLIMAN, Andrew. Reclaiming Marx’s Capital: A Refutation of the Myth of Inconsistency. Uk: Lexington Books,2007.
MARX, K. Das Kapital: Kritik der politischen Ökonomie: Erster Band/ Berlin: Karl Dietz Verlag Berlin,2013(1962).
MARX, K. Das Kapital: Kritik der politischen Ökonomie:Dritter Band/ Berlin: Karl Dietz Verlag Berlin,2012(1964).
MARX, Karl. O Capital: Livro I. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.
RALLO, Juan. A teoria marxista do valor não faz nenhum sentido http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1856 acessado dia 21/04/2017.
ROBINSON, Joan. Economic Philosophy. Hamondsworth: Penguin Books, 1964.
SWEEZY, Paul. (ed.) Karl Marx and the close of his System Böhm-Bawerk, Böhm Bawerk’s Criticism of Marx Hilferding. LONDON: The Merlin Press, 1949.
SWEEZY, Paul. The Theory of Capitalist Development. New York, Monthly Review press, 1970.
Notas
[1] Aqueles que procurarem uma introdução mais detalhada ao problema, ver o livro de HUNT e LANTZENHEISER (2011).
[2] Seguimos a exposição de Howard e King (1989, p. 42) devido ao caráter sintético e preciso de sua exposição do problema da transformação.
[3] O partido social-democrata alemão.
[4] Análises Input-Output são da seguinte forma: Digamos que queremos saber o valor da matriz X (valores dos inputs de produção — máquinas, salários, etc.) sendo X=[xij], i para linhas e j para colunas, de ordem n×n dado os valores da matriz P(preços) de também de ordem n×n e A(coeficiente técnicos de produção — grosseiramente, a proporção de inputs necessárias para se produzir outputs) também de ordem n×n, pela equação: P=AX +X. Para isso, isolamos X no lado direito da equação de modo que, de acordo com as leis da álgebra matricial, X(A+I), sendo I a matriz identidade, resultando em P=X(A+I). Passando (A+I) para o lado esquerdo da equação temos que P (A+I)-1=X, e, rearranjando os termos, temos que X= P(A+I)-1; assim podemos descobrir o valor dos inputs X, dado que sabemos os valores tantos de P e de A.
[5] A equação em questão é Pa= naaPa(1+r)tA1+…+ nmaPa(1+r)tAM
(HOWARD & KING, 1989, p. 58).
[6] O sistema de equações em questão é:
(c1x+v1y)(1+p) = (c1+c2+c3)x
(c2x+v1y)(1+p) = (v1+v2+v3)y
(c1x+v1y)(1+p) = (s1+s2+s3)z
A solução é, portanto, tentar achar os valores para x, y, z e p.
[7] Kliman (2007) já menciona tais referências na sua crítica a Böhm-Bawerk.
[8] As traduções em português são a da Boitempo (2013).
[9] Wie kann Kapital entstehn bei der Regelung der Preise durch den Durchschnittpreis, d.h. in letzer Instanz durch den Wert der Ware? Ich sage “in letzer Instanz, weil die Durchschnittspreise nicht direkt mit den Wertgrössen der Waren zusammenfallen, wie A. Smith, Ricardo usw glauben.
[10] Die gegebenen Rechnungen gelten nur als Ilustration. Es wird nämilich unterstellt,dass die Preise= den Werten. Man wird in Buch III sehn, dass diese Gleichsetzung, selbst für die Durhcschnittspreise , sich nicht in diser einfachen Weise macht.
[11] Os quatro argumentos que Marx sustenta, de acordo com BB, são:
Argument: wenn auch die einzelnen Waren sich untereinander über oder unter ihren Werten verkaufen, so heben sich diese entgegengesetzten Abweichungen doch gegenseitig auf, und in der Gesellschaft selbst – die Totalität aller Produktionszweige betrachtet – bleibt daher doch die Summe der Produktionspreise der produzierten Waren gleich der Summe ihrer Werte [MARX, VOLUME 3, II,cap. 9].
Argument: das Wertgesetz beherrscht die Bewegung der Preise, indem Verminderung oder Vermehrung der zur Produktion erheischten Arbeitszeit die Produktionspreise steigern oder fallen macht (III. 158, ähnlich III. 156) [MARX,VOLUME 3, II,cap. 10].
Argument: das Wertgesetz beherrscht, nach der Behauptung von Marx, mit ungeschmälerter Autorität den Warenaustausch in gewissen „ursprünglichen“Stadien, in welchen sich die Verwandlung der Werte in Produktionspreise noch nicht vollzogen hat.
Argument: In der verwickelten Volkswirtschaft „reguliert“ das Wertgesetz wenigstens indirekt und„in letzter Instanz“die Produktionspreise, indem der nach dem Wertgesetze sich bestimmende Gesamtwert der Waren den Gesamtmehrwert, dieser aber die Höhe des Durchschnittsprofits und daher die allgemeine Profitrate regelt (MARX, VOLUME 3, II,cap. 10].
[12] Ver a seção 1 acima.
[13] A passagem que BB cita do livro III é: Unterstelle, die Arbeiter selbst seien im Besitz ihrer respektiven Produktionsmittel und tauschten ihre Waren miteinander aus. Diese Waren wären dann nicht Produkte des Kapitals. Je nach der technischen Natur ihrer Arbeiten wäre der Wert der in den verschiedenen Arbeitszweigen angewandten Arbeitsmittel und Arbeitsstoffe verschieden; ebenso wäre, abgesehen von dem ungleichen Wert der angewandten Produktionsmittel, verschiedene Masse derselben erheischt für gegebene Arbeitsmasse, je nachdem eine bestimmte Ware in einer Stunde fertig gemacht werden kann, eine andere erst in einem Tag etc. Unterstelle ferner, daß diese Arbeiter im Durchschnitt gleichviel Zeit arbeiten, die Ausgleichungen eingerechnet, die aus verschiedener Intensität etc. der Arbeit hervorgehen. Zwei Arbeiter hätten dann beide in den Waren, die das Produkt ihrer Tagesarbeit bilden, erstens ersetzt ihre Auslagen, die Kostpreise der verbrauchten Produktionsmittel. Diese wären verschieden je nach der technischen Natur ihrer Arbeitszweige. Beide hätten zweitens gleichviel Neuwert geschaffen, nämlich den den Produktionsmitteln zugesetzten Arbeitstag. Es schlösse dies ein ihren Arbeitslohn plus den Mehrwert, der Mehrarbeit über ihre notwendigen Bedürfnisse hinaus, deren Resultat aber ihnen selbst gehörte. Wenn wir uns kapitalistisch ausdrücken, so erhalten beide denselben Arbeitslohn plus denselben Profit, aber auch den Wert, ausgedrückt z.B. im Produkt eines zehnstündigen Arbeitstags. Aber erstens wären die Werte ihrer Waren verschieden. In der Ware I z. B. wäre mehr Wertteil für die aufgewandten Produktionsmittel enthalten, als in der Ware II. Die Profitraten wären auch sehr verschieden für I und II, wenn wir hier das Verhältnis des Mehrwerts zum Gesamtwert der ausgelegten Produktionsmittel die Profitrate nennen. Die Lebensmittel, die I und II während der Produktion täglich verzehren, und die den Arbeitslohn vertreten, werden hier den Teil der vorgeschossenen Produktionsmittel bilden, den wir sonst variables Kapital nennen. Aber die Mehrwerte wären für gleiche Arbeitszeit dieselben für I und II, oder noch genauer: da I und II jeder den Wert des Produkts eines Arbeitstages erhalten, erhalten sie, nach Abzug des Wertes der vorgeschossenen „konstanten“ Elemente, gleiche Werte, wovon ein Teil als Ersatz der in der Produktion verzehrten Lebensmittel, der andere als darüber hinaus überschüssiger Mehrwert betrachtet werden kann. Hat I mehr Auslagen, so sind diese ersetzt durch den größeren Wertteil seiner Ware, der diesen „konstanten“ Teil ersetzt, und er hat daher auch wieder einen größeren Teil des Gesamtwerts seines Produkts rückzuverwandeln in die stofflichen Elemente dieses konstanten Teils, während II, wenn er weniger dafür einkassiert, dafür auch um so weniger rückzuverwandeln hat. Die Verschiedenheit der Profitraten wäre unter dieser Voraussetzung also ein gleichgültiger Umstand, ganz wie es heute für den Lohnarbeiter ein gleichgültiger Umstand ist, in welcher Profitrate das ihm abgepreßte Quantum Mehrwert sich ausdrückt, und ganz wie im internationalen Handel die Verschiedenheit der Profitraten bei den verschiedenen Nationen für ihren Warenaustausch ein gleichgültiger Umstand ist.“ (MARX, VOLUME 3, II, cap. 10).
[14] Abgesehn von der Beherrschung der Preise und der Preisbewegung durh das Wertgesetz, ist es also durchaus gemäss, die Werte der Waren nicht nur theoretisch, sondern historisch als das prius der Produktionspreise zu betrachten. (MARX, VOLUME 3, II, cap. 10) [grifos meus].
[15] “Utility is a metaphysical concept of impregnable circularity; utility is the quality in commodities that makes individuals want to buy them, and the fact that individuals want to buy commodities shows that they have utility.” (ROBINSON, 1964, p. 48).
[16] Tal como N. Bukahrin, há mais de 100 anos atrás — como também Hilferding em 1905 — enfatizou “(…)the individual estimates of price always start with prices that have already been fixed; the desire to invest capital in a bank depends on the interest rate at the time; the investment of capital in this industry or that is determined by the profit yielded by the industry; the estimate of the value of a plot of land depends on its rent and on the rate of interest, etc. No doubt, individual motives have their “opposite effects”;but it must be emphasised that these motives from the start are permeated with a social content, and therefore no “social laws” can be derived from the motives of the isolated subject.a• But if we do not begin with the isolated individual in our investigation, but consider the social factor in his motives as given, we shall find ourselves involved in a vicious circle: in our attempt to derive the “social”, i.e., the “objective”, from the “individual”, i.e., the “subjective”, we are actually deriving it from the “social”, or doing somewhatworse than robbing Peter to pay Paul” (BUKAHRIN,1972, pp. 42–43).
[17] “It cannot be too much insisted that to measure directly, or per se, either desires or the satisfaction which results from their fulfilment is impossible, if not inconceivable. If we could, we should have two accounts to make up, one of desires, and the other of realized satisfac- tions. And the two might differ considerably. For, to say nothing of higher aspirations, some of those desires with which economics is chiefly concerned, and especially those connected with emulation, are impulsive; many result from the force of habit; some are morbid and lead only to hurt; and many are based on expectations that are never fulfilled. (…) Of course many satisfactions are not common pleasures, but belong to the development of a man’s higher nature, or to use a good old word, to his beatification; and some may even partly result from self-abnegation The two direct measurements then might differ. But as neither of them is possible, we fall back on the measurement which economics supplies, of the motive or moving force to action: and we make it serve, with all its faults, both for the desires which prompt activities and for the satisfactions that result from them.”(MARSHALL, apud ROBINSON, 1964, p. 49).
[18] Alle Arbeit ist einerseits eine Verausgabung menschlischer Arbeitskraft im physiologischen Sinn, und in dieser Eigenschaft gleicher menschlischer oder abstrakt menschlicher Arbeit bildet sie den Warenwert. Alle Arbeit ist andrerseits Verausgabung mesnchlischer Arbeitskraft em besondrer zweckbestimmter Formen, und in dieser Eigenschaft konkreter nützlischer Arbeit produziert die Gebrauchswerte.